Do avesso...

Será o teu medo que te impede o sorriso?
Será o meu medo que não me deixa notar?
Prefiro saborear toda a timidez num só abrigo
Deixar o sol teu rosto secar
Não vou limpar cada lagrima como antes
Escondi todos os meus lenços de mim
Quero o poder de passos distantes
Fitas de cor em cores sem fim
Um dia perguntas quem sou
Num outro sais fora da questão
A razão era ser um dia pivô
Outro... longe da tentação
Amanheço banhado de vontades
Adormeço sem saber escrever
Pernaneço deitado em tudo o que sabes
Aprendo em sonhos a ler
Um dia espero pela tua sedução
Cada raio é fogo ao meu olhar
Resta-me saborear a solidão
Sentir perto o teu bafejar
Poderá o vento ajudar a sentir?
Hoje sopra forte do outro lado da janela
Um espaço junto num escasso florir
Labios doçes em amor de sentinela
Voam folhas rascunhadas no desejo
Fogem registos de tempo privado
Vou adormeçer colado a um beijo
Quando acordar vais sentir que estou ao teu lado
Não passam de contos em ruas desertas
Que se esconde atrás da espada
Um dia estamos de portas abertas
No outro sabemos que não pode ser nada
Não quero ter razão
Não te vou dar meu coração
Vou ser trapo velho em carvão
Deixar respoder leve ao passar a mão
Ofereço-te uma flor ao invés do meu amor
Desejo-te sentir ao invés de te mentir
Poder desfrutar de um só calor
Apertar-te contra o peito pra melhor te ouvir
Voa que já tens asas em ti
Dou-te chuva pra beberes
Voa! Podes voar para aqui
Lança-me todos os teus poderes
Prometo que não choro alto!
Prometo que não rio baixo!
Deita-me no asfalto...
Encaixo...