A luz do sol pintada na tela mais velha!: março 2008

terça-feira, março 18, 2008

Hoje sou... Amanhã nada!


Numa introdução, parece macia a sombra!
Na curva desliza uma poeira sóbria...
Será retrato?
Será mato?
Não vejo...

Espera!
Deixa-me passar contigo!
Posso?
Deixo o abrigo,
Deixo cada curva como se fosse recta,
Agarro-me à sombra em fim de tarde...
Luz que queima,
Sombra que arde!
Crávo na pele teu sorriso,
Choro sementes de alívio,
Tropeço na dor que piso...
Hoje estou sóbrio!
Estou sem cor...
Tiro o chapéu na tua presença,
Faço uma vénia,
Sou pastor...
Dou um passo sem direcção,
Deixo para trás uma só pégada!
Hoje sou monte...
Ontem fui vale...
Amanhã sou nada!
Sou nuvem delineada,
Sou chuveiro de sol,
Sou o olhar que divide o tempo do espaço,
Sou lágrima seca a derramar...
Sou esboço de terra e ar!
Hoje sou...
Amanhã nada!
Sou mão fechada,
Cerrada ao silêncio...
Hoje sou...
Livre!
Amanhã...
Nada!
Hoje serei doce,
Amanhã espada!
Sou mais fraco,
Mais humano...
Sou chuva e trovoada...
Sou a certeza perdida,
A luz cansada,
O levantar de um só desejo,
A procura de um só beijo...
Hoje sou...
Amanhã nada!
A fonte que carrega a mágua!
Sim...
Habituado!
Não adianta esconder,
Não adianta fingir...
Sou como tenho que ser,
Sempre fui como deixei sentir!
Ao relento...
Muitas vezes penso:
-Devo deixar sentir tanto?
Esqueço...
Logo me levanto...
Tantas vezes que não...
Fico transparente...
Só por vezes!
Sei que não sou diferente!
Suspiro...
Não tenho outro remédio!
Não tenho outra guarda...
Hoje sou...
Amanhã...
Nada!
Amanhã nada!
Amanhã nada!
Sempre nada!
Sou...

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