A luz do sol pintada na tela mais velha!: março 2010

domingo, março 28, 2010

No tempo da amargura...





Não sou mais palavras


Deixei de ser palavras


Não quero ser mais alto


Quero olhar só no fundo


Sentir a força natural do ser


Acordar tarde


Deitar-me ao amanhecer


Ser esboço de uma pintura


Livro de capa dura


Não sou mais silencio


Sou rascunho guardado


Entre folhas recicladas


Sou escudo de guardião


Carne sensivel


Trigo feito pão


Rasgo cantos de paredes


Entrelaço-me em várias redes


Sou canticos sem nexo


Sou sonhos de sexo


Pesadelos do obscuro


Ouço grito atrás do muro


Quem será?


Parece-me uma voz...


Eu também já fui uma voz!


Mas não sou eu quem mereçe tudo


Não sou só eu que respiro fundo


Sou resto de cinza


Amor de sentinela


Amasso de tinta


Tinta de aguarela


Não sou mais desenho


Não sou animado


Rio e choro fado


Alimento-me de sede


Sou espasmo num só colo


Sou presa façil


Vinho quente


Sou refeição de aguardente


Sou tão igual como diferente


Sou vento que se prende


Já não sou mais sol


Sou tempo perdido


Não sei se sou estrago


Sei que sou amargo


Sei que sou amargo






Sei que sou amargo


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